domingo, 27 de outubro de 2013

Rememorando

Como minha organização se dá na desorganização, dando asas ao pensamento de "Chico Ciência", trago ao mundo virtual esta memória de encontros com o conterrâneo e sempre inspirador Carlos Drummond Andrade, em junho de 2013, direto do seu Memorial, no Pico do Amor em Itabira-MG, gratidão poeta das sete faces, por compor meu universo de poesias sempre vivas.

Mãos Dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
Carlos Drummond Andrade, Sentimento do Mundo, 1940.



Ato simbólico com Carlitos e a criançada de uma escola rural que visitava o museu neste dia, nas alturas do Pico do Amor em Itabira-MG, montanhas essas hoje, marcadas pela dor da ferida provocada pelas ganâncias des-humanas, encabeçada pela vendida, ou melhor, privatizada/doada em leilão, Vale do Rio Doce!!! Tens razão poeta, de todo este Sentimento do Mundo, amor é o que não há mais no Pico do Amor...




Este foi um momento especial, de muita emoção, em que tive a oportunidade de entregar o livro para a representante direta de Carlitos, a responsável pelo memorial, que brilhantemente, diferente de qualquer outro guia de espaços culturais/museus, contava de forma muito pessoal as histórias do poeta, durante a caminhada por sua trajetória histórica... após escrever dedicatória para o amigo poeta, sempre vivo, colocamos o exemplar na estante de livros de poesias de seus amigos pessoais... é isso grande poeta, gratidão por ser um dos principais mestres em minha poesia cotidiana...

Curiosidades Históricas

Fica aqui uma curiosidade e semelhança com este processo de publicação autônoma/independente em que tenho mergulhado junto a outros amigos ousados, Carlos Drummond,  em 1929, publicou quinhentos exemplares de seu primeiro livro, chamado Alguma Poesia, por conta própria, de forma totalmente independente, ou seja, sigamos publicando nós mesmos, como a Edtóra, a Edite, Edições Maloqueiristas e infinitas outras que existem e as que virão...



Aí está representada a chegada oficial do poeta em minha cidade natal, Timóteo-MG, em frente a biblioteca pública municipal. Esta senhora de frente pra gente pergunta: - Quem é este senhor aí sentado?  - É o Poeta Drummond minha senhora, respondo. E ela continua o diálogo: - Ahhh, bem que eu sabia, eu vi este homem andando na praça estes dias...  Daí  fiquei aliviado por não ser o único a afirmar que nosso amigo poeta permanecia vivo...

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Esta viagem a Cuba representa um borrar de fronteiras da América Latina pela poesia, pela arte, por linguagens e vivências pra além de discursos, qualquer euforia pode ser uma vontade de ser....

O melhor que há em Cuba, 
são os Cubanos

Ruas cheias e coloridas,
Humanos vividos,
Solidários faceiros
Prontos pra ajudar!

Com sorriso pleno no rosto,
Auto estima inabalável
Frutos de uma ilha resistente
Bela por sua sutileza potente...

É isso hermana
Gratidão pela acolhida
Voltaremos a nos ver quanto antes,
Assim que nossas bordas forem rompidas...

Salvador, 25 de Outubro de 2013




Museu da Revolução



Ato Simbólico na Casa de Luiz e Isabel, casa de recepção, debates, exposições e relacionamento da  Brasil-Cuba, gratidão sempre...


El Capitólio, Habana Vieja


Casa de Las Americas, primeira ação após triunfo da revolução, uma casa que abrigasse artistas, escritores, poetas de nuestra America Latina, onde estava acontecendo  o evento chamado Casa Tomada, com artistas e escritores jovens de todo continente, neste espaço pude trocar livros com outros livros e trabalhos de pessoas da Guatemala, Porto Rico, México, Uruguai, Chile, Argentina, Brasil, Cuba... espaço necessário para nossa latino-américa bolivariana




Entregando exemplares da Itinerância Poética na biblioteca da Casa de Las Americas, junto ao amigo Escritor Equatoriano, Munhõz



Grafitti entre Rodas - uma bela obra de arte com um Ford de 1930 ...




sábado, 5 de outubro de 2013

CUBA LIBRE


         A ilha de Cuba, está situada numa privilegiada região no continente latinoamericano e caribenho,  pois possui saída para todas as direções do globo. Esta posição geográfica aliado a histórica violência dos EUA principalmente após o triunfo da revolução de independência ideológica e material das mazelas do sistema baseado no consumo e na mercantilização da vida a deixa numa situação muito vulnerável. É interessante ressaltar os horrores ocultos que a guerra fria provocou nos variados rincões deste nosso mundo. Em meados da década de oitenta, diante do criminoso embargo econômico, Cuba inicia uma abertura para o turismo internacional como opção quase única de equilibrar sua economia. Nesta mesma época, dentre outras variadas formas de atendados,  vinte e quatro bombas foram "misteriosamente" colocadas nos principais hotéis de Havana, desde então um estado de vigilância e  cuidados contra atentados foi estabelecido para prevenir tragédias maiores e garantir a soberania nacional. Mesmo depois de quase trinta anos este estado de a-tensão continua, principalmente entre os mais antigos moradores da ilha. Foi então que fizemos esta singela intervenção "secreta" chamada Atendado Poético, onde livros e poemas foram deixados em bancos de praças de alguns locais de havana, para que posteriormente fosse encontrado por algum amigo desconhecido, só que ao contrário de bombas, eram versos da vida cotidiana e de incentivo a valorização dos seres ! Gracias hermanos, por esta incrível acolhida em nossa ilha, vida longa a Cuba Livre, Venceremos !



Este ato, foi na Calle de los Presidentes, próximo ao Malecon e a Casa de Las Américas, 30 minutos depois de deixar o livro, volto ao local e misteriosamente havia desaparecido...





Estes foram deixados em vários bancos do Parque Central, em Habana Vieja, num fim de tarde ensolarada, com o título "Dos Poemas para ti", também, pouco tempo depois, não havia mais nada...