Como minha organização se dá na desorganização, dando asas ao pensamento de "Chico Ciência", trago ao mundo virtual esta memória de encontros com o conterrâneo e sempre inspirador Carlos Drummond Andrade, em junho de 2013, direto do seu Memorial, no Pico do Amor em Itabira-MG, gratidão poeta das sete faces, por compor meu universo de poesias sempre vivas.
Mãos Dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.
a vida presente.
Carlos Drummond Andrade, Sentimento do Mundo, 1940.
Ato simbólico com Carlitos e a criançada de uma escola rural que visitava o museu neste dia, nas alturas do Pico do Amor em Itabira-MG, montanhas essas hoje, marcadas pela dor da ferida provocada pelas ganâncias des-humanas, encabeçada pela vendida, ou melhor, privatizada/doada em leilão, Vale do Rio Doce!!! Tens razão poeta, de todo este Sentimento do Mundo, amor é o que não há mais no Pico do Amor...
Este foi um momento especial, de muita emoção, em que tive a oportunidade de entregar o livro para a representante direta de Carlitos, a responsável pelo memorial, que brilhantemente, diferente de qualquer outro guia de espaços culturais/museus, contava de forma muito pessoal as histórias do poeta, durante a caminhada por sua trajetória histórica... após escrever dedicatória para o amigo poeta, sempre vivo, colocamos o exemplar na estante de livros de poesias de seus amigos pessoais... é isso grande poeta, gratidão por ser um dos principais mestres em minha poesia cotidiana...
Curiosidades Históricas
Fica aqui uma curiosidade e semelhança com este processo de publicação autônoma/independente em que tenho mergulhado junto a outros amigos ousados, Carlos Drummond, em 1929, publicou quinhentos exemplares de seu primeiro livro, chamado Alguma Poesia, por conta própria, de forma totalmente independente, ou seja, sigamos publicando nós mesmos, como a Edtóra, a Edite, Edições Maloqueiristas e infinitas outras que existem e as que virão...
Aí está representada a chegada oficial do poeta em minha cidade natal, Timóteo-MG, em frente a biblioteca pública municipal. Esta senhora de frente pra gente pergunta: - Quem é este senhor aí sentado? - É o Poeta Drummond minha senhora, respondo. E ela continua o diálogo: - Ahhh, bem que eu sabia, eu vi este homem andando na praça estes dias... Daí fiquei aliviado por não ser o único a afirmar que nosso amigo poeta permanecia vivo...