quarta-feira, 22 de abril de 2015

Série de Contos: Renúncias, Anúncios e Denúncias

ESTADO DE POLÍCIA EMERGENCIAL


        Sexta feira. Roda de samba em Itapuã. Muita gente animada. Reencontros. Samba do bom. Saudade das pessoas. Saudade dos tambores. Três da manhã. Retomamos nossa origem. Retornamos ao Santo Antônio. -  Bora beber essa saideira? - Seu Domingos? - Será que tá aberto ainda? - Bora ver? - Bora. Chegamos.Luz ainda acesa. Portões semi cerrados. - E aí Nem, rola uma cerveja ainda cara? Choro desesperado. - Me ajuda gente, leva minha irmã no hospital, ela tá sangrando muito. - O que foi velho? Mais choro. Estava nítida a expressão de ódio no negro rosto do rapaz. - Calma Nem, conta pra gente o que aconteceu. - Ela foi agredida pelo marido, falamos pra ela não voltar pra este sacana, leva ela pro hospital, ela tá sangrando muito, olha aqui a poça de sangue no chão. Choro inquietante. Vamos ver a moça.Tem dois amigos e seus dois filhos, 2 e 5 anos, cuidando. Respira mal. Está confusa. Uma viatura da Polícia Militar (PM) deixa o local em busca do agressor, acompanhado do pai da moça. Ligamos para o serviço de emergência. - Alô, é do 192? - Sim, em que posso ajudar? Explicamos o acontecido. Demos a localização. Perguntas protocolares. - Já acionaram a PM? - Sim, já chegou uma viatura e outra acaba de estacionar. Dizem estar a caminho. Passam-se 15 minutos. A primeira viatura retorna com o sujeito agressor espancado. Uma faca apreendida.  Passam-se mais 15 minutos. Chega outra viatura da PM. Somam-se três viaturas e doze policiais.Fortemente armados. A moça continua confusa. Ainda sangra. Mal consegue respirar. -  E o SAMU? - Liga de novo. Depois de três minutos em chamada de espera. Todo protocolo novamente. - Já está a caminho senhor. Quase uma hora após. Chega a ambulância. Inicia-se os primeiros socorros. Risco de morte. Socorro incompetente. Polícia eficiente. Estado de Polícia  Emergencial. 


Por Guilherme Salgado

Salvador, 19 de abril, 2015.

domingo, 12 de abril de 2015



A
POESIA
É 
O
QUE
ME
SUSTENTA

A
POESIA
É 
O
QUE
ME
SUPORTA

A
POESIA
É
O
QUE
ME
DIVERTE







MOLHAR 
A
PALAVRA
PARA
RASGAR
VERBO




Á BELCHIOR

Tenho respeito por quase tudo.
Medo de quase nada.
Mas ainda é medo.

Eu tenho medo de quem gosta de emprego.
Eu tenho medo de quem tem religião.
Eu tenho medo de viver entediado.
Eu tenho medo de trabalhar pelo pão.

Eu tenho medo de quem vive pelo dinheiro.
Eu tenho medo de ser desigual.
Eu tenho medo de perder a esperança.
Eu tenho medo de qualquer Capital.

Eu tenho medo de deixar minha infância.
Eu tenho medo de quem se julga melhor.
Eu tenho medo de quem defende a polícia.
Eu tenho medo de que nos reste o  pior.






quinta-feira, 9 de abril de 2015



Dizem que...
a escola é laica
a câmara é laica
que o Estado é laico.

Pelo que eu saiba,
Laica 
é a cadela 
do meu amigo Zaia.




ALEGRIA
LIBERDADE
SABEDORIA

POSSÍVEIS
QUANDO
COMPARTILHADAS
CADA DIA

Leitura livre, ao ar livre, com o livre parceiro Joaquim, no Vale do Capão, Chapada Diamantina-BA


quarta-feira, 8 de abril de 2015