quarta-feira, 26 de agosto de 2015

VOO LIVRE



É por causa deste
 e de outros homens e mulheres 
que não deixamos de sonhar, 
apesar de vocês, virão outros dias 
e noites, onde nossa única ocupação será observar o céu 
e contar histórias em volta da fogueira...
... histórias de um tempo
 onde a ficção se vestia de realidade...

Foto no Coletivo Aparecidos Políticos - Fortaleza-CE




É por causa destes
e de outros seres
que seguiremos
acreditando em sonhos possíveis
movimentos autônomos
e posturas solidárias
diante da vida 
diante do mundo.


É isso,
devagar
sempre
faremos
sonho 
voar...


2 comentários:

  1. UTOPIA...
    "Cidade
    Sem muros nem ameias
    Gente igual por dentro
    Gente igual por fora
    Onde a folha da palma
    afaga a cantaria
    Cidade do homem
    Não do lobo, mas irmão
    Capital da alegria

    Braço que dormes
    nos braços do rio
    Toma o fruto da terra
    É teu a ti o deves
    lança o teu desafio

    Homem que olhas nos olhos
    que não negas
    o sorriso, a palavra forte e justa
    Homem para quem
    o nada disto custa
    Será que existe
    lá para os lados do oriente
    Este rio, este rumo, esta gaivota
    Que outro fumo deverei seguir
    na minha rota"?

    Os Índios Da Meia-Praia.

    "Aldeia da Meia-Praia
    Ali mesmo ao pé de Lagos
    Vou fazer-te uma cantiga
    Da melhor que sei e faço
    De Monte-Gordo vieram
    Alguns por seu próprio pé
    Um chegou de bicicleta
    Outro foi de marcha a ré
    Houve até quem estendesse
    A mao a mae caridade
    Para comprar um bilhete
    De paragem para a cidade
    Oh mar que tanto forcejas
    Pescador de peixe ingrato
    Trabalhaste noite e dia
    Para ganhares um pataco
    Quando os teus olhos tropeçam
    No voo duma gaivota
    Em vez de peixe vê peças
    De ouro caindo na lota
    Quem aqui vier morar
    Nao traga mesa nem cama
    Com sete palmos de terra
    Se constrói uma cabana
    Uma cabana de colmo
    E viva a comunidade
    Quando a gente está unida
    Tudo se faz de vontade
    Tudo se faz de vontade
    Mas nao chega a nossa voz
    Só do mar tem o proveito
    Quem se aproveita de nós
    Tu trabalhas todo o ano
    Na lota deixam-te mudo
    Chupam-te até ao tutano
    Chupam-te o couro cab'ludo
    Quem dera que a gente tenha
    De Agostinho a valentia
    Para alimentar a sanha
    De esganar a burguesia
    Diz o amigo no aperto
    Pouco ganho, muita léria
    Hei-de fazer uma casa
    Feita de pau e de pedra
    Adeus disse a Monte-Gordo
    (Nada o prende ao mal passado)
    Mas nada o prende ao presente
    Se só ele é o enganado
    Foram "ficando ficando"
    Quando um dia um cidadao
    Nao sei nem como nem quando
    Veio à baila a habitaçao
    Mas quem tem calos no rabo
    - E isto nao é segredo -
    É sempre desconfiado
    Poe-se atrás do arvoredo
    Oito mil horas contadas
    Laboraram a preceito
    Até que veio o primeiro

    Documento autenticado
    Veio um cheque pelo correio
    E alguns pedreiros amigos
    Disse o pescador consigo
    Só quem trabalha é honrado
    Quem aqui vier morar
    Nao traga mesa nem cama
    Com sete palmos de terra
    Se constrói uma cabana
    Eram mulheres e crianças
    Cada um c'o seu tijolo
    "Isto aqui era uma orquestra"
    Quem diz o contrário é tolo
    E toda a gente interessada
    Colabarou a preceito
    - Vamos trabalhar a eito
    Dizia a rapaziada
    Nao basta pregar um prego
    Para ter um bairro novo
    Só "unidos venceremos"
    Reza um ditado do Povo
    E se a má lingua nao cessa
    Eu daqui vivo nao saia
    Pois nada apaga a nobreza
    Dos índios da Meia-Praia
    Quem vê na praia o turista
    Para jogar na roleta
    Vestir a casaca preta
    Do malfrao ** capitalista
    Foi sempre a tua figura
    Tubarao de mil aparas
    Deixar tudo à dependura
    Quando na presa reparas
    Das eleiçoes acabadas
    Do resultado previsto
    Saiu o que tendes visto
    Muitas obras embargadas
    Mas nao por vontade própria
    Porque a luta continua
    Pois é dele a sua história
    E o povo saiu à rua
    Mandadores de alta finança
    Fazem tudo andar pra trás
    Dizem que o mundo só anda
    Tendo à frente um capataz
    E toca de papelada
    No vaivém dos ministérios
    Mas hao-de fugir aos berros
    Inda a banda vai na estrada
    Eram mulheres e crianças
    Cada um c'o seu tijolo
    "Isto aqui era uma orquestra"
    Quem diz o contrário é tolo".

    Duas canções de José Afonso, outro trovador da liberdade, que me vieram à lebrança ao ler este poema, porque mostra os novos "indios da meia praia" em busca da sua "utopia".
    Abraços cheios de saudades para você, a Camila e a Elena, de sua comadre:
    Virna.

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  2. PS: Tenho um novo blog, o Astrolabiopoiesis, onde divulgo textos meus e de outros autores, e eu gostaria muito de saber se você me permite divulgar os seus poemas através dele.

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